Vantagens da letra cursiva

No tempo em que os adultos de hoje iam para a escola, já na primeira série do fundamental, eram apresentados ao Caderno de Caligrafia para aprenderem a escrever todo o alfabeto corretamente e legivelmente.

Primeiro eram ensinadas as vogais, tanto maiúsculas quanto as minúsculas, seguidas das consoantes e, todos os dias, a professora mandava de “tema de casa” mais alguns exercícios para os alunos irem treinando. Logo vinham as junções das letras “emendadas” como era dito, e depois as palavras com frases. Tudo era feito com capricho, lentamente, para ficar bem gravado.

Infelizmente, hoje em dia, devido à evolução da tecnologia com os modernos teclados e suas facilidades, os padrões de educação não exigem mais que os alunos do fundamental aprendam a escrever em um caderno de caligrafia. Algumas escolas, inclusive, chegam a desprezar esse tipo de escrita, como sendo desnecessária e tratam como “coisa do passado”.

Vários estudos científicos têm sido feitos, analisando as reações do cérebro na aprendizagem da letra cursiva, comparando-os com o uso do teclado. Através de exames de tomografia cerebral, descobriu-se que “escrever à mão” é uma excelente ferramenta para desenvolver as áreas cognitivas, onde o cérebro é treinado a se especializar em áreas que integram o controle do movimento, o raciocínio e a sensação.

No exercício da escrita cursiva, várias partes do cérebro se ativam ao mesmo tempo, o que não acontece com a escrita no teclado, que consiste apenas em fazer pressão com os dedos do mesmo jeito para todas as letras e sinais ortográficos. Para escrever usando as letras cursivas, é preciso utilizar determinado nível de controle de motricidade, pois cada letra tem tanto linhas retas e curvas delicadas como fortes, para serem executadas. Isso exige muita atenção no que está sendo feito e também prática.

Através de imagens de ressonância magnética, foram analisadas as conexões cerebrais de crianças de cinco anos que já haviam sido alfabetizadas sem aprenderem a usar as letras cursivas e depois de as haverem aprendido. Fazendo as comparações, constataram que após o aprendizado da escrita à mão, a atividade dos neurônios foi muito mais intensa, assemelhando-se a dos adultos. As áreas dos dois hemisférios do cérebro que são ativadas simultaneamente durante uma leitura foram ativadas ao ser feita a escrita manuscrita, o que não ocorreu ao escreverem com o teclado. Ao exercitar a caligrafia, o cérebro distingue cada traço feito comparando-o com os demais, memoriza o tamanho correto, a forma geral e os detalhes característicos de cada letra e desenvolve habilidades de classificar e colocar tudo em ordem.

Um outro estudo interessante revelou a relação que existe entre o cérebro e a mão no momento de escrever. Foram observadas crianças do primeiro, do segundo, do quarto e do sexto ano e a conclusão mostrou que aquelas que escreviam mais palavras, mais rapidamente e que conseguiam expressar melhor suas ideias, o faziam quando escreviam à mão, o que não acontecia ao escreverem com o teclado.

O desenvolvimento cerebral é tão beneficiado ao se praticar a escrita de caligrafia quanto o que é obtido ao aprender um instrumento musical;  a complexidade envolvida nos dois casos é muito parecida pois, em ambos, é usado o raciocínio, a concentração, a criatividade, a memória e a parte motora fina (tátil). Muitas pessoas não tem condições de pagar por um instrumento ou por aulas de música, mas todos tem fácil acesso a papel e lápis.

Além disso, a letra cursiva tem o atrativo de acrescentar um estilo pessoal para os estudantes que a utilizam, que os faz destacarem-se dos demais.

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