“Meu filho tem 7 anos, 8 anos, 9 anos e não sabe ler”

Ter um filho de 7 a 10 anos que ainda não sabe ler é um motivo de aflição cada vez mais frequente para os pais. Na maior parte dos casos não se trata de um problema de capacidade da criança. Ela pode ser muito inteligente e saudável e capaz de fazer muitas coisas, mas não estar conseguindo um bom desempenho na leitura. Por que isso tem acontecido?

Nossa primeira dica é que o seu filho assista ao vídeo abaixo, 1 vez ao dia, para ter um primeiro contato com as vogais e o som de cada uma das letras:

Vários estudos têm sido feitos em torno disso, pois essa situação tem aparecido em escala cada vez maior, onde as crianças mais velhas das quartas e quintas séries continuam com a mesma dificuldade, não conseguindo ler nem escrever. O problema está na relação entre a capacidade e a habilidade.

Uma pessoa pode ter capacidade, mas não ter habilidade para fazer algo. Embora as duas palavras tenham um sentido parecido, não significam a mesma coisa. Para entender melhor esses dois conceitos, vamos à um exemplo simples entre capacidade motora e habilidade motora.

A capacidade motora se refere às condições físicas de um indivíduo que já estão embutidas nele desde o nascimento como ter musculatura e flexibilidade.


A habilidade motora é a maneira como esse mesmo indivíduo usa seus músculos e sua flexibilidade para se movimentar. Ele pode ter as condições necessárias para fazer algo, como nadar, fazer ginástica, etc., mas não sabe como utilizar a sua musculatura adequadamente. Em resumo, a capacidade é inata ao ser humano e as habilidades são aprendidas ao longo da vida.

O mesmo acontece com a leitura. A criança tem a capacidade de ler, mas não consegue produzir os sons correspondentes porque não aprendeu ainda quais letras têm qual som. Portanto, é possível e simples resolver esse problema utilizando o método correto de alfabetização, ensinando a relação que existe entre as letras escritas (grafia) e os sons que elas representam (fonemas).

Como ajudar a criança a aprender a ler

Esses exercícios podem ser feitos com crianças a partir dos 4 anos, respeitando a idade em cada caso. As crianças menores ainda não corresponderão a tudo, mas estarão sendo estimuladas intelectualmente a um aprendizado que fará muita diferença no futuro.

  • Uma sugestão é escolher objetos familiares da criança que comecem com as vogais a, e, i, o, u. Por exemplo, pode-se mostrar um abacate, uma abelha ou qualquer coisa que comece com o fonema “a”. “- Isso é um abacate que começa com o som aaaa…”. Só depois de ensinar como se produz o som que começa com essa letra em vários objetos você irá mostrar como ele é representado (escrevendo a letra “a”). Desse modo, a curiosidade da criança é provocada a partir do interesse em saber como esse som é escrito. Isso deve ser feito com todo o alfabeto individualmente.

A etapa seguinte consiste em mostrar os sons das letras quando se juntam formando as sílabas, como “bala”. O som da letra “b” junto com o som da letra “a”, fica “ba”, e assim por diante. Esses exercícios devem ser repetidos constantemente e podem ser ensinados a qualquer momento, aproveitando o que a criança está fazendo. Se estiver comendo, ensine os fonemas das sílabas dos alimentos, como: arroz, salada, bife, molho, etc., e forneça continuidade, em cada atividade do dia a dia. “Brincar” com os sons dos nomes dos amigos ou familiares também é divertido e educativo.

  • A música é um instrumento incrível para ajudar as crianças a se desenvolverem já antes de elas começarem a falar. O ritmo, a variedade dos sons e as letras cantadas estimulam o cérebro para criar conexões entre neurônios que executarão todo o processo que envolve o aprendizado e a memorização das letras e da escrita. É muito recomendado que a música esteja sendo tocada no ambiente quando as crianças estão estudando. Isso coopera para que o cérebro use todas as funções da aprendizagem como a fala, criatividade, concentração, memória, etc.
  • Outra sugestão é ler histórias infantis para a criança, pois estimulam a imaginação e a vontade de aprender sobre o que está sendo lido. É um ótimo momento para ensinar os sons dos objetos, animais ou nomes dos personagens do enredo. Ao fazer as falas dos personagens, deve-se trabalhar a entonação da voz, isto é, interpretar como se fosse o próprio personagem falando. Se a fala é triste, diga a frase em tom de choro; se é alegre, ria junto, e assim por diante. O mesmo pode ser feito com a leitura de poemas infantis. A entonação da voz e os movimentos corporais (como as “caretas”) ajudam a criar o senso rítmico fazendo muita diferença para aprender os fonemas!
  • Brincar com jogos de linguagem que estimulem a repetir sons e executar diferentes tipos de ritmos também é útil. Exemplo: Bater na mesa com a mão ou uma colher enquanto canta uma cantiga infantil como o “Marcha soldado”. Dá para mudar as batidas cada vez que cantar de novo ou incluir uma batida diferente no meio da música. A criança deve repetir junto com o pai ou professor ao mesmo tempo. Esse simples exercício, por incrível que pareça, estimula as funções do cérebro para a leitura.
  • Outra opção é colocar músicas infantis e acompanhar os ritmos com movimentos corporais levantando os braços, pulando, marchando, andando pra frente e pra trás, balançando a cabeça, girando, batendo palmas, etc.

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