Alfabetizando seu filho em casa
1. Escolha um material de qualidade
A primeira coisa a ser feita, depois que você já decidiu que irá iniciar a alfabetização do seu filho em casa, é procurar um material de qualidade. Esse material deve reunir:
– Livros infantis de diversos gêneros (narrativas, poesias, fábulas, parlendas, etc.).
– Atividades escritas (impressas ou copiadas no caderno).
– Jogos de alfabetização (físicos ou online).
Na internet você pode encontrar materiais de qualidade, mas é preciso atenção para que esse material siga uma metodologia correta e organizada de ensino.
2. Escolha uma metodologia de ensino
Basicamente, existem 4 métodos conhecidos para alfabetização:
Alfabético. Neste método a criança:
Fônico. Neste método a criança:
Silábico. Neste método a criança:
Reconhecimento global. Neste método a criança:
Qual é o melhor método?
Catherine Snow – Pesquisadora, professora linguista e psicóloga educacional da Universidade de Harvard.
As evidências apontam que os métodos globais – que se parecem um pouco, mas ainda são muito diferentes do construtivismo brasileiro – produzem os melhores resultados na creche e na pré-escola. Mas não no 1º ano. Nessa etapa, o ensino específico das relações entre sons e letras é mais eficiente.
Acreditamos que o método mais efetivo para alfabetização seja o método fônico. Em nosso parecer, este método se apresenta como o mais eficaz justamente porque por meio dele é possível ensinar a criança de maneira clara e direta um conhecimento que ela não possui e que, portanto, não é capaz de “adivinhar” por conta própria: o som de cada uma das letras e a representação escrita delas.
Isso, no entanto, não significa dizer que concordamos com uma abordagem “antiga” e “enfadonha” de ensino. A alfabetização pelo método fônico pode e deve ser inserida em um contexto literário e deve usar ferramentas que tornem as aulas divertidas para o aluno como: jogos, brincadeiras e músicas.
Utilizar o método fônico também não significa que o aluno não será ensinado a compreender e a ter consciência das funções sociais dos textos (informar, divertir, advertir, etc.). Pelo contrário, as aulas de leitura e o trabalho com o texto escrito podem ser usados sempre como base do ensino.
3. Avalie seu filho
Cada criança percorre um caminho cognitivo para alcançar a alfabetização plena. É importante, por isso, saber onde o seu filho está nesse caminho: ele já conhece as letras? Reconhece letras iniciais? Sabe que as letras representam sons e que palavras escritas possuem significados?
Você pode fazer agora mesmo um teste simples para saber o nível de alfabetização de seu filho:
– Peça para que a criança escreva 3 palavras simples (formadas por silabas consoante + vogal) de seu conhecimento. Exemplo: bala, camisa, casa.
– Recolha a folha, compare e analise o que foi escrito de acordo com as definições abaixo:
NÍVEL 1 (Pré silábico 1)
*Fez um desenho ou formas aleatórias.
*Fez o desenho das palavras em si.
NÍVEL 2 (Pré silábico 2)
*Usou letras aleatórias em quantidades também aleatórias.
*Usou símbolos ou rabiscos em quantidades aleatórias.
NÍVEL 3 (Silábico)
*Usou símbolos ou rabiscos para representar cada sílaba.
*Usou uma letra aleatória para representar cada sílaba.
*Usou a letra inicial de cada uma das sílabas para escrever as palavras.
NÍVEL 4 (Alfabético)
*Escreveu as palavras, ora usando 1 letra por sílaba, ora usando a sílaba completa.
*Escreveu as palavras com até 3 erros ortográficos.
*Escreveu as palavras sem erros ortográficos.
Depois de terminado e analisado o teste, procure encontrar as atividades certas para que seu filho avance para o próximo nível. Por exemplo, se ele ficou no nível 3, atividades como o exemplo abaixo seriam o ideal (nesse caso ele será obrigado a refletir que as sílabas são representadas pela junção de mais de uma letra):
Em nosso material completo para alfabetização trabalhamos com uma diversidade grande de atividades escritas do nível 0 até o nível 4.
4. Alfabetize corretamente
Quando você já tiver clareza do nível de alfabetização que seu filho possui e também tiver selecionado o material que pretende usar é importante que você preste atenção na maneira que você vai interagir com a criança no momento das atividades (folhinhas, jogos e atividades no caderno). As suas intervenções é que vão definir a velocidade e a eficácia da alfabetização da criança.
O QUE FAZER:
Utilize perguntas para que a criança consiga chegar a conclusão correta a respeito de como escrever ou ler uma determinada palavra
A intenção é fazer com que eles investiguem quais letras (e sons relacionados a essas letras), quantas e onde usá-las para escrever. Alguns exemplos de perguntas para ajudar o(a) aluno(a) são:
A palavra que você procura começa com que letra? Termina com qual? Quantas letras você acha que ela tem?
É por meio de reflexões desse tipo que as crianças entendem a ligação entre os sons e as letras.
Confirme o que a criança escreveu
O(a) professor(a) deve sempre pedir para que o(a) aluno(a) leia o que acabou de produzir. Após a leitura, feita pela criança, procure sempre perguntar:
-O que você leu faz sentido? Essa palavra existe?
Assim, há espaço para problematizar a diferença entre o que se lê e o que se escreve.
Explore o som de cada uma das letras
Nenhuma criança nasce sabendo o som das letras e esse aprendizado tampouco é “natural”. Por isso, não espere que seu filho deduza, por conta própria, o som de cada uma das letras apenas pela observações de textos. É necessário que você explique com clareza e diretamente para ele a respeito desses sons.
Nas atividades desenvolvidas nessa formação procure sempre utilizar o seu dedo para apontar para a letra e reproduzir o som que essa letra tem. Sempre peça ao aluno que repita o som aprendido.
Não confunda “nome da letra” com “som da letra”
Deixe claro para a criança que o nome da letra, em muitos casos, não é a mesma coisa que o som da letra. A letra “T” por exemplo, tem o nome de “tê”, mas o som dela não é “tê”, se fosse, a palavra “tucano” seria lida como “tê-u-ca-no”.
O QUE NÃO FAZER:
- Falar com volume de voz baixo e confuso
- Deixar o aluno escrever sem intervir nem fornecer informações. A criança só avança ao receber ajuda do professor(a)!
- Não desafiar os alunos a ler. (Proponha-se a sempre estimulá-lo a ler placas, encontrar palavras em textos, etc.)
- Não dar tempo para a criança pensar nas tarefas de leitura e escrita.
- Não estimular o raciocínio, dando sempre “respostas prontas” sem levar o(a) aluno(a) a concluir por conta própria. Nesse ponto, vamos dar um exemplo para você entender com clareza o que queremos dizer:
Suponhamos que a criança esteja tentando escrever a palavra “BONECA”. Ela escreve, em um primeiro momento, as letras
“B -O – E – A”.
Ao invés de você intervir dizendo:
“Não! Você esqueceu o N antes do E e não colocou a letra C antes do A!”
Você deve questioná-la para que ela mesma chegue a conclusão sozinha. Pergunte:
- Vamos ler o que você escreveu? – BOEA
- Isso faz sentido, essa palavra existe?
- Quais letras estão faltando? Vamos ler de novo para tentar descobrir?
- Vou te dar uma dica, o som da primeira letra que está faltando é esse _____. E agora? Você já sabe qual é?
Essas perguntas são apenas exemplos do que poderia levar a criança a uma resposta correta. É claro que, se depois de todas as perguntas, a criança não conseguiu concluir sozinha, você deve falar a resposta.